sexta-feira, 5 de abril de 2013

Liberdade obrigatória

A questão da homossexualidade tem tomado conta da agenda midiática. Contra e a favor, Feliciano, Bolsonaro, Wyllys, Mercury, Joelma. Entendo que as pessoas têm suas opiniões e crenças pessoais e que cada um faz o que quer da vida se isso não prejudicar o outro.

Essa é a razão pela qual pode, mas não é obrigatório, saltar de paraquedas, imitar a Madonna, praticar yoga, casar virgem, ouvir Ramones, pintar o cabelo, acreditar em Deus, ver novela, ser corinthiano, dar no primeiro encontro, cantar aquela canção do Roberto, rezar pra São Judas Tadeu, tocar violino, ler Paulo Coelho, ir ao cinema, torcer pro Fluminense, fazer plástica, andar de bicicleta, estudar Machado de Assis, usar lente de contato, beber café, fazer tatuagem, falar grego, preferir chocolate a guaraná, jogar Tetris. Essas - e muitas outras - são atividades individuais, que não interferem na vida alheia.

É por isso que eu acho absurda a celeuma que o tema do casamento entre pessoas do mesmo sexo está causando. É uma questão de "foro íntimo", no sentido de que, se isso for previsto em lei, não obrigará as pessoas a obedecê-los. Quero dizer, se o casamento entre pessoas do mesmo sexo for previsto em lei, não significa que eu - que tenho um relacionamento de quase 20 anos com um homem que amo - vou ter que casar com outra mulher. Significa, apenas, que será permitido que duas mulheres ou dois homens se casem se eles assim desejarem. E não se trata de casamento religioso, mas civil. Porque o Estado é laico.

Não sou ingênua e sei que a questão do casamento entre pessoas do mesmo sexo não é simples assim e que envolve pressões fortes de grupos religiosos, preconceitos arraigados, medos inominados. Mas que eu saiba não há lei no Brasil que proíba a prática homossexual. Porque, é claro, para que não se volte à barbárie, a sociedade precisa de leis que a regulem e às quais cabe aos cidadãos obedecer.Ou seja, se for proibido, não pode.

Mas eu continuo achando que, dentro do universo das coisas que "pode", a única coisa que deve ser obrigatória na vida é a liberdade.