segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Poeira de estrela

Hoje, quando o Darcio foi me acordar de manhã, além do beijo de bom dia, ele me disse, à queima-roupa:

- Uma notícia triste: David Bowie morreu.

Fiquei chocada na hora.

Não porque eu fosse a maior fã de Bowie, mas porque era uma fã, sim. Porque eu, o Darcio e a Gabi vivíamos falando que se ele voltasse a fazer show, mas não viesse ao Brasil, iríamos correr o mundo atrás dele, para vê-lo, ouvi-lo.

Agora não vamos mais.

Conheci Bowie tardiamente, lá pelos 17 ou 18. Foi o Darcio quem me apresentou à obra do camaleão. Logo, ouvi "Heroes". Logo, aquela se tornou uma das músicas mais lindas e importantes da minha vida. E quanto mais velha fico, mais eu gosto de Bowie. Porque ele é muito à frente do tempo dele. Do meu tempo. Ele é genial. E, como disse a Lu, é uma honra ser contemporânea de um gênio.

Sexta-feira, apenas três dias atrás, no dia em que completou 69 anos, ele lançava BlackStar. Nem tive tempo de ouvir ainda. Mas li uma crítica, na sexta mesmo, dizendo que era um disco que parecia ser um renascimento, uma nova fase, em que Bowie convocava os fãs a entenderem que sua arte era possível sem sua presença física; que aquele disco era o começo de uma nova fase para Bowie, que ele estava novamente mirando um futuro ainda distante para nós, que ele estava criando, de novo, algo muito novo.  O autor do texto se referia à sonoridade inovadora do álbum, ao fato de sua presença pública ser cada vez mais rara; e de ele não fazer mais shows.

Hoje soubemos que BlackStar era, para além disso, um aviso de morte. Como foi o acústico do Nirvana em que Kurt Cobain cantou "The Man Who Sold The World". Mas ao contrário do jovem músico, Bowie preferiu se despedir com a elegância que lhe era peculiar: sofrendo recluso, sem se expôr no mundo escancarado e sem privacidade das redes sociais. Continuou, até o fim da vida, fiel a ideais que o deixavam livre para criticar o que não concordava, cantando, dignamente, Fame, (fame) puts you there where things are hollow.

Porque a questão, para Bowie, não era fama. A questão era e, ainda é, arte. E é por isso que seu legado é eterno. He'd really made the grade. E é por isso que as estrelas vão estar diferentes hoje à noite.

sábado, 9 de janeiro de 2016

Precisamos falar sobre a Coreia do Norte

A Coreia do Norte é um lugar muito, muito distante. Mas ao contrário de Tatooine ou Jakku, é um lugar real, onde vive parte dos 7 bilhões de pessoas da mesma espécie que eu. Então, sempre tive a sensação de que eu deveria conhecer a Coreia do Norte.

Mas pouco se fala sobre esse lugar. Quando era pequena, conheci as Malvinas, Irã, Iraque, Irlanda do Norte e muitos outros lugares por causa de notícias sobre guerra. Pré-adolescente, conheci Cuba por causa de sua ditadura. Mas nunca, nunca, vi reportagens suficientes sobre a Coreia do Norte para que entendesse e conhecesse mais aquele lugar. Ouvi o pai de Kevin Arnold falar sobre a Guerra da Coreia, mas pouco além disso.

Já adulta, entendi as razões pelas quais não tinha acesso a informações sobre a Coreia do Norte: sua ditadura, seu isolamento comercial, as implicações geográficas, econômicas, políticas e estratégicas de falar sobre esse lugar.

A mídia, em geral, quando fala da Coreia do Norte, fala de uma maneira jocosa, em tom de piada. Diz que o povo norte-coreano acredita que o hambúrguer foi inventado por Kim-Jong-Il; noticia que a Disney notificou Kim-Jong-un pela utilização pirata da imagem de Mickey Mouse; que o ditador declarou ter feito testes com a bomba H, mas que os analistas especializados duvidam.

E eu pergunto: e daí? O que isso quer dizer? Que tipo de conhecimento isso agrega? A Coreia do Norte é um país fechado por sua ditadura, e por isso temos poucas informações a respeito. Quase nada vaza (ou será que não é interessante para a grande mídia fazer um esforço para vazar e divulgar informações?). E, quanto mais mistério, mais eu fico intrigada.

Até que hoje, me deparei com esse vídeo:


Nele, a garota diz, emocionada, que a primeira coisa que devemos fazer para tentar ajudar é educar-se para aumentar a conscientização sobre a crise dos direitos humanos na Coreia do Norte. Eu ainda não sei nada a respeito. Mas estou incomodada o suficiente para ter uma certeza: Precisamos falar sobre a Coreia do Norte.