Que me desculpem os 2 ou 3 leitores deste blog pela repetição de assunto, mas eu ainda
tenho algumas coisas a dizer sobre o meu salto de paraquedas.
Sempre fiquei muito impressionada com relatos de pessoas que
passaram por momentos difíceis na vida, superando doenças graves, por exemplo. É
recorrente essas pessoas dizerem como essas experiências mudaram suas vidas,
fizeram-nas repensar suas próprias existências, ajudaram a compreender o
“sentido da vida”.
Há um ditado que diz que se a gente não aprende pelo amor,
aprende pela dor. Eu tive a sorte de aprender pelo amor. Não quero dizer que
saltar de paraquedas seja o mesmo que passar por uma experiência grave. Só quem
passa por momentos extremos sabe o que isso significa. Mas o fato é que eu
realmente tive essa sensação, da dimensão imensa do mundo e da pequenez, da
insignificância da gente frente à natureza.
De lá de cima, o mundo é tão imenso, tão lindo, tão
maravilhoso, que a existência se torna pequena, que é possível sentir que você
é apenas parte daquilo tudo. E que se há algo transitório, somos nós, não o
mundo. Fica fácil não se ater a detalhes, a coisas pequenas, supérfluas e
superficiais. Lá em cima, somos tão pequenos e frágeis. Estamos à mercê do
vento, da gravidade. E a natureza quase nos protege, quase nos ameaça. Ela é imensa,
mas não imponente: é simples.
É absurdo nem sentir a queda. Não se sentir caindo é uma
prova de que somos tão pequenos. É poder ficar parado no ar, no silêncio. Como
se não houvesse a passagem do tempo nem a mudança do espaço. Como se não
houvesse som. É uma paz, uma beleza impactante e profunda. E a gente se sente
pequeno. Mas é preciso coragem e ousadia para ir lá experimentar. É preciso
grandeza de espírito para provar a irrelevância do corpo, para se imiscuir com
o mundo, para se jogar no nada sem rede de proteção, esperando que o paraquedas
abra para poder apreciar a vista – e a vida.