Legião Urbana foi a banda da minha adolescência. O
primeiro passo de muitas caminhadas musicais e literárias: Mônica gostava de
Bandeira e do Bauhaus? Fui ler o primeiro e ouvir os segundos. Na dúvida,
também fui ler a respeito da segunda.
A Legião ouvia Gang of Four antes da fama? Eu fui ouvir
também. Gravei o videoclipe de “Há tempos” e assistia pausando, anotando o que
via na estante que é cenário do clipe na esperança de ter contato com cada
detalhe daquele universo: Bob Dylan, Judy Garland, Fernando Pessoa... Aos 13, quando
o tempo livre era grande, ocupava-o tentando desvendar cada referência que
percebia nas músicas e na história da Legião, que conhecia de cor e salteado,
pelas fichas da Bizz, recortes de jornal e revista que eram guardados em pastas.
E foi conhecendo bem essa história que sábado entrei no
cinema para assistir “Somos tão jovens”, que conta a “pré-história” da Legião, ainda em Brasília, antes de eles partirem para o Rio, no começo dos 80. Aborto Elétrico, o Trovador Solitário, o começo do Capital Inicial. Filme para fã, conta “mais
do mesmo” do que eu já sabia, colando e editando rapidamente informações, com
poucas novidades. Mas depois da sessão, vi que o filme agradou não só a fãs como eu, mas também a quem não
tinha tanto tempo assim para gastar, ou para quem Legião não era a banda
favorita da adolescência.
Não é um grande filme, mas cumpre seu papel muito bem. A
reconstituição de época é bem-feita e as figuras daquela época estão ali:
Philippe Seabra, personagem, não precisa abrir a boca para ser reconhecido.
Philippe Seabra, ele mesmo, faz uma ponta como personalidade de Patos de Minas,
num momento de simpática diversão. Thiago Mendonça fica muito parecido com
Renato Russo, a caracterização dos personagens remete bastante às figuras
reais. Nicolau Villa-Lobos interpreta o pai. É um filme doce e singelo, sobre um tempo de certa inocência e sonho. E, no final, me
emocionou. É, sempre mais do mesmo... não era isso que você queria ouvir
(ver)?