segunda-feira, 10 de março de 2014

Reencontros

Por diversas razões, tenho pensado muito no tema "reencontros". Não exatamente reencontros com pessoas, mas reencontros com ideias e desejos, aspirações e inspirações.

Neste final de semana que passou, por exemplo, eu me reencontrei com uma canção, Starman. Fui à imperdível exposição sobre David Bowie (em cartaz até 20/4/2014), de quem aprendi a gostar tardiamente, influenciada pelo Darcio Ricca (na época meu namorado; hoje, marido).

O problema é que, quando comecei a gostarde Bowie, já tinha passado os primeiros anos da adolescência ouvindo a versão brasileira de Starman, que o Nenhum de Nós batizara de O Astronauta de Mármore. Sim, Starman é muito mais legal; sim Bowie é um grande artista, absolutamente revolucionário. Mas por alguma razão - talvez a letra difícil, talvez o costume de recorrer à primeira versão que conheci - Starman nunca fora uma canção que me tivesse tocado profundamente.

Até que eu me "reencontrei" com ela na exposição. Não só com ela, mas com a histórica apresentação que Bowie fez no Top of the Pops e com a letra manuscrita pelo próprio autor, rabiscada, editada, repensada por ele. Claro que a exposição ajuda, cria um clima favorável para que você se envolva. E eu realmente  me emocionei.

Ver aquele manuscrito teve o mesmo efeito, em mim, que ver uma obra de arte. Foi como se, antes daquele momento, eu só tivesse ouvido reproduções da obra, que não me deixassem tomar contato com sua aura. E, de repente, eu ressignifiquei Starman. E, como que num passe de mágica, comecei a gostar dessa canção como nunca antes gostara. Eu a reencontrei e a compreendi, como se nunca a tivesse ouvido antes.

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