domingo, 12 de agosto de 2012

Na balada e na roubada

Eu uso essa frase aí do título, em tom de brincadeira séria, pra sintetizar o que considero uma amizade de verdade. Quando as pessoas casam, o padre pergunta se vai ser "na alegria e na tristeza". E eu acredito que, de modo análogo, amizade tem que ser na balada e na roubada.

Porque, pra mim, não adianta ter amigos que só saem pra se divertir, beber e dançar sem mais profundidade e intimidade nas conversas e sentimentos. Mas também acho que amizades que só se procuram quando há um problema não são muito saudáveis. Acho que tem hora pra rir e pra chorar e creio que amigos de verdade acompanham a gente nos dois momentos.

Isso permite que eles nos acompanhem ainda em outros momentos: de sair pra dançar, de ir em show, de tomar cerveja, café e vinho (cada bebida parece ter uma conversa específica para acompanhar), de ver um filme, de assistir TV, de ouvir música e até de ficar em silêncio, sem que isso soe constrangedor (os amigos que sabem estar juntos em silêncio, eu acho, são os amigos mais caros e raros, aqueles com quem temos amizades mais profundas e fundamentais).

Eu sou muito exigente com minhas amizades. São poucas e boas - eu diria muito boas, com pessoas especiais, com quem posso contar de verdade. Não acredito naquela história de que "a gente pode passar anos sem se ver". Quem eu amo, eu quero perto de mim, pra cuidar, pra acompanhar a vida cotidiana - a ida ao médico, o resultado da prova, o desfecho do problema no trabalho, a febre do filho. Acho que quando a gente sabe dessas coisas quase bobas, prosaicas, da vida do outro, somos capazes de saber de sentimentos profundos, de compartilhar histórias realmente importantes. Gosto de saber e de dar a conhecer essa parte mais superficial, porque acredito que, com o tempo, por ela, venha a parte mais profunda: do abraço apertado que conta segredos sem falar, do choro sem razão, da risada desbragada, dos papos-cabeça sobre filosofia, cinema e literatura, de falar sobre um e outro.

Com isso, as relações ficam expostas. É preciso muita coragem pra se expor assim. Porque quando essa relação é traída, dói muito mais do que doeria se a gente se resguardasse. Mas a recompensa, por outro lado, é gigante: é ter ao lado da gente gente em quem a gente pode confiar, gente que faz a vida da gente melhor, gente que ensina lições lindas de vida.

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